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A Coleção Imaginária de Paulo Kuczynski

Em homenagem aos mais de 50 anos de carreira do marchand Paulo Kuczynski, o Instituto Tomie Ohtake convida o curador Jacopo Crivelli Visconti a fim de propor um percurso instigante pela trajetória da "Coleção Imaginária" de Paulo Kuczynski", reunindo algumas das obras mais extraordinárias que foram comercializadas pelo galerista nas últimas cinco décadas.

“Talvez a melhor chave para entender essa coleção imaginária e o olhar inteligente de seu criador esteja precisamente na imensa variedade de estilos e poéticas que permite identificar tanto as preferências pessoais quanto a profunda compreensão da evolução da arte nacional”, afirma Crivelli Visconti.

Com mais de duzentos trabalhos expostos, incluindo nomes como Alfredo Volpi, José Pancetti, Lasar Segall, Ismael Nery, Frans Krajcberg, Lygia Clark, Wesley Duke Lee, lone Saldanha, Adriana Varejão, Mira Schendel e Maria Martins, a Coleção Imaginária de Paulo Kuczynski alinha diferentes períodos e expressões da arte brasileira, permitindo vizinhanças e aproximações inesperadas e extremamente fecundas.

Texto por Paulo Kuczynski

Marchand e colecionador formam uma dupla indissociável, são lados complementares de um mesmo jogo, parceiros movidos pela força de uma única paixão — mesmo quando momentaneamente separados por uma relação comercial. 

Se eu já tinha esse sentimento havia tempos, no processo de curadoria e montagem da atual exposição ele se intensificou. Ao pedir emprestadas as obras para a mostra, a princípio receoso de eventuais recusas, constatei emocionado a generosidade de todos os envolvidos. 

Colecionar ou vender? Como concilar esses dois destinos em um só indivíduo? São dúvidas, até dilemas, com os quais convivi nesses meus mais de cinquenta anos de profissão, ao longo do quais procurei me guiar pela objetividade imanente às obras, mas também pela intuição e por preferências de caráter particular. Nesse percurso de encontro com a experiência estética, há decerto lacunas e incompletudes, talvez até propositais, fruto das minhas idiossincrasias. Em todo caso, nunca tive a pretensão da abrangência absoluta ou da formação de uma totalidade. 

 

O resultado, para além de ser um panorama da arte no século 20, é, antes de tudo, o registro de um recorte pessoal guiado por uma vocação entusiasmada, cujo privilégio partilhei com meus amigos colecionadores: a paixão reinventada dando encantamento ao mundo.

 

Texto pelo curador Jacopo Crivelli Visconti

 

Em 2004, Paulo Kuczynski organizou a exposição Trajetória – Uma coleção imaginária, reunião de algumas das obras mais extraordinárias que haviam passado por suas mãos até aquele momento. Quase vinte anos depois, a coleção é reapresentada aqui. Algumas das obras participaram das duas mostras, outras não, e cabe se perguntar se são duas coleções diferentes ou se estamos diante da mesma.

 

O ato de ver, e o tempo que se acumula entre o momento em que estamos na frente de uma tela ou de uma escultura pela primeira vez, e todas as vezes que a ela voltamos, sentindo o que ela nos diz, são elementos centrais na interação com qualquer obra de arte. A ideia de voltar a ver alguma coisa semanas, meses, anos ou até décadas mais tarde permeia de certa forma o projeto dessa exposição, se pensarmos que o que faz com que as obras aqui reunidas pertençam à coleção imaginária de Paulo Kuczynski seja exatamente o fato de, em algum momento, elas terem sido olhadas por ele. 

 

Um olhar inteligente e afetuoso caracteriza a relação de Kuczynski com as obras pelas quais se encanta, que tem descoberto e resgatado de todo tipo de lugar e de contexto, contribuindo ativamente para escrever o que hoje chamamos de história da arte brasileira. O percurso da exposição se inicia com umas pinturas extraordinárias de Eliseu Visconti, produzidas na virada do século XIX para o XX, e conclui com um grupo de azulejões de Adriana Varejão, de 2008. Na distância, tanto cronológica quanto estilística e conceitual, entre esses dois conjuntos, cabe grande parte da arte produzida no Brasil ao longo do século XX. É um percurso não isento de saltos e rupturas, mas fascinante pela maneira como movimentos e poéticas vão se encadeando, se atraindo, por vezes até se contradizendo. Os conjuntos de obras são díspares, alguns amplos, outros mais concisos, mas cada um traz algo especial, dando pistas para a compreensão do todo. 

 

Talvez a melhor chave para entender essa coleção imaginária esteja precisamente na imensa variedade de estilos e poéticas que permite identificar tanto as preferências pessoais quanto a profunda compreensão da evolução da arte nacional. E assim as peças de Visconti podem conviver com as da Varejão, obras de Leonilson com as de Ione Saldanha, Pancetti com Tarsila, Anita com Nery, Di com Portinari, Vicente do Rego Monteiro com Lasar Segall, Bandeira com Kracjberg, Volpi com Sergio Camargo e Willys de Castro, Sacilotto, Maria Martins e Vieira da Silva com Waldemar, Wesley e Mira e Guignard e Gomide e Cícero...

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Instituto Tomie Ohtake

Endereço: Rua Coropé, 88 - Pinheiros, São Paulo - SP, 05426-010

Abertura ao público: 20 de maio, das 11h às 16h

Período da exposição:  de 23 de maio a 13 de agosto de 2023

Dias e hoários de visitação: de terças a sábados, das 11h00 às 20h00

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